sábado, 17 de janeiro de 2015

Por que bocejamos?



Bebês, cães, gatos, pássaros, ratos, ratazanas e até cobras bocejam. E, acredite, alguns de nós começaram a arte do bocejo ainda no útero da mamãe. Apesar de não sabermos, há milhares de anos, a razão de pela qual bocejamos, estudos recentes podem ter resolvido essa incógnita.

A fisiologia do bocejo

Quando uma pessoa boceja, o alongamento dos músculos da mandíbula aumenta o fluxo sanguíneo na cabeça, no pescoço e no rosto. Também envia líquido cefalorraquidiano para baixo, para longe do cérebro. Da mesma forma, quando um bocejo é combinado com a ampla abertura de sua boca (aquela visão que a gente não precisa ter dos outros), esse movimento promove um fluxo de grandes quantidades de ar através das cavidades oral e nasal.

Teorias do bocejo

Existem três principais teorias sobre por que as pessoas bocejam. São elas:

1. Bocejar aumenta os níveis de oxigênio no sangue?

O bocejo faz com que a gente puxe grandes quantidades de ar. Por isso, muitas pessoas têm essa teoria de que o propósito de bocejar é chamar mais oxigênio e expirar CO2. Esse princípio da sabedoria popular não tem absolutamente nenhuma evidência que a apoia. Aliás, é bem pelo contrário.
Um estudo realizado em 1987 mostrou que o bocejo não promove nem o aumento, nem a redução dos níveis de oxigênio e gás carbônico, respectivamente, no sangue. Isso fez com que alguns cientistas concluíssem que o bocejo não tem nada a ver com essa suposta função de oxigenar o sangue.

2. O bocejo estimula e auxilia a excitação?

Tem-se observado que, em várias espécies, bocejar parece acontecer em um momento estratégico de antecipação de eventos importantes e durante as transições de comportamento. Acredita-se, então, que o bocejo facilita um estado elevado de alerta e conscientização – que também é apoiado por evidências de alterações que acompanham o bocejo nos níveis de neurotransmissores.

3. Bocejar ajuda a resfriar a temperatura do cérebro?

Recentemente postulada, essa teoria de que o bocejo tem uma função de termorregulação começa observando que a temperatura do cérebro é controlada por três fatores: a temperatura e a velocidade do fluxo sanguíneo e do metabolismo do organismo. Como o bocejo aumenta o fluxo sanguíneo, não é razoável supor que o seu objetivo seja resfriar o cérebro.

A teoria foi desenvolvida pela primeira em um estudo de 2007, que envolveu dois experimentos relacionados. No primeiro, os participantes foram orientados a respirar tanto pelo nariz quanto pela boca e depois foram solicitados a ver vídeos de outras pessoas bocejando. Aqueles que respiravam por via nasal não demonstraram ser contagiados pelo bocejo alheio.

No segundo experimento, os participantes foram convidados a colocar alternadamente ou um pacote quente ou frio na testa e, mais uma vez, assistir a vídeos de pessoas bocejando. Resultado: 41% dos que tinham um pacote quente em suas cabeças se contagiaram com outros bocejos, enquanto que 9% das pessoas com um pacote frio se mostraram menos propensas a bocejar ao ver outras pessoas bocejando. Assim, os pesquisadores concluíram que o resfriamento do cérebro tem alguma função/implicação do ato de bocejar.

Depois, em 2010, uma pesquisa em cérebros de ratos mostrou que, antes de um bocejo, há um aumento na temperatura do cérebro, precedido por uma diminuição imediatamente depois do bocejo. Em um estudo de acompanhamento, os pesquisadores descobriram que, embora o cérebro inteiro fique mais frio depois de um bocejo, a temperatura que aumenta no período pré-bocejo é a do córtex.

Três mecanismos explicam a hipótese de como o bocejo refresca o cérebro.

Em primeiro lugar, sabe-se que a temperatura do cérebro é 0,2°C maior do que a do sangue arterial. Portanto, em teoria, com o aumento do fluxo de sangue, o sangue mais quente no cérebro é empurrado para fora, e o sangue mais frio entra. Os pesquisadores comparam este processo ao processo de resfriamento de um radiador.


O segundo mecanismo também tem como base a troca de calor, mas desta vez se trata do ar frio, que é arrastado para as cavidades da boca, nariz e seios nasais. Ao entrar em contato com as áreas venosas que contêm sangue quente, o ar resfria o sangue e remove o calor quando o ar da respiração é exalado. Este processo é semelhante ao de refrigeração.



O terceiro mecanismo também envolve a interação do ar frio com os seios nasais, embora dessa vez seja com a finalidade de encorajar a evaporação ao longo da mucosa sinusal. Este sistema seria semelhante ao modo como o corpo resfria por meio do suor na superfície da pele.

Então o resfriamento do cérebro é a razão do bocejo?

Se o resfriamento do cérebro é a razão para bocejar, conforme a temperatura exterior aumenta você será induzido pelo seu corpo a bocejar mais. Mas, quando essa temperatura se aproxima ou ultrapassa a temperatura do corpo, o ato de bocejar diminui. A tangente desta teoria também prevê que, uma vez as temperaturas caem abaixo de certo ponto, o bocejo vai diminuir, porque caso contrário, ele poderia esfriar o cérebro demais.


Mas nem todo mundo está aceitando na boa essa teoria da termorregulação do bocejo. Alguns pesquisadores já perceberam que o bocejo não pode causar quedas de temperatura significativas, e que também há um atraso significativo entre o bocejo e a refrigeração. A questão, portanto, segue em aberto.


Mas por que os bocejos são contagiosos?

Teorias populares sobre por que o bocejo é contagioso giram em torno de ideias de imitação e empatia. Elas são suportadas por análises de ressonâncias magnéticas dos cérebros de pessoas que estão bocejando. Em um desses estudos, as áreas envolvidas com o processamento das emoções, tanto nossas quanto de outras pessoas, foram ativadas durante o bocejo. Isso levou os pesquisadores a concluírem que a nossa capacidade de nos colocarmos no lugar de alguém é um preditor para que o bocejo seja contagiante. Deve notar-se, no entanto, que o bocejo é de fato contagiante em apenas cerca de 60 a 70% da população.


E aí, você bocejou quantas vezes lendo esse artigo?




Fonte: GIZMODO



domingo, 11 de janeiro de 2015

Funcionamento básico de um ecossistema - Teia alimentar


Os ecossistemas e a diversidade biológica representam à riqueza natural do planeta e provém a base para a subsistência e a prosperidade da espécie humana. No entanto, estão desaparecendo numa velocidade impressionante, por ação do próprio ser humano. Estamos destruindo os recursos que precisamos para continuar vivendo neste planeta e nem ao menos chegamos a conhecer todo o potencial que eles contêm.



















A definição de ecossistema refere-se a um conjunto formado por elementos bióticos (seres vivos) e abióticos (água e minerais). Os componentes bióticos de um ecossistema podem ser divididos em duas categorias: a dos autótrofos (seres que fabricam o próprio alimento a partir de substâncias inorgânicas) e a dos heterótrofos (seres que se alimentam de outros seres vivos).

Os autótrofos também são chamados de produtores, pois fornecem toda a energia aos demais seres vivos. A essa categoria pertencem as plantas que realizam a fotossíntese. Os heterótrofos, por sua vez, dividem-se em dois grupos: o dos consumidores, que se alimentam de outros seres vivos, e o dos decompositores, que se alimentam e obtêm energia da decomposição da matéria orgânica após a morte de um produtor ou de um consumidor.

Existem intricadas relações entre os componentes dos ecossistemas. Os produtores absorvem a energia solar e, utilizando substâncias inorgânicas, produzem matéria orgânica. Os consumidores, ao se alimentarem dos produtores, adquirem parte dessa energia que foi incorporada ao corpo do organismo produtor e, com isso, também podem sobreviver. Ao morrerem, tanto os produtores quanto os consumidores fornecem alimento para os decompositores. Estes, por fim, eliminam matéria inorgânica que pode ser utilizada novamente pelos produtores.


A todas essas relações entre os seres vivos, damos o nome de Teia Alimentar.



As teias alimentares e todas as demais inter-relações entre os seres vivos demoram milhões de anos para se formar e estão em contínuo processo de modificação. Os ecossistemas como conhecemos hoje, são produto de uma história evolutiva única e cuja estabilidade está garantida pelo equilíbrio entre seus diversos componentes.




Fotos: Autor desconhecido /Google imagens

O devorador caramujo gigante


Esse animal pode pesar 200 gramas, e medir cerca de 10 centímetros de comprimento e 20 de altura. Sua concha é escura, com manchas claras, alongada e cônica. Além disso, sua borda é cortante.

O biólogo Robert Cowie, da Universidade do Havaí, conta que os primeiros exemplares do caramujo-gigante-africano Lissachatina fulica chegaram ao país na década de 1930 por meio dos imigrantes japoneses que queriam criar esses animais como bichos de estimação. Desde então, esse molusco acabou assumindo o controle ecológico e ganhando espaço na agricultura entre as espécies nativas da região.


Já na década de 1960, os caramujos-gigantes-africanos foram levados para os Estados Unidos de uma maneira quase inacreditável: de acordo com o site Wired, um menino que passava as férias no Havaí com a família acabou guardando consigo alguns exemplares do animal.

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Foto: Roberta Zimmerman, USDA APHIS


Nessa época, os caramujos já estavam sendo combatidos no Havaí e mal sabiam os americanos que eles logo se tornariam uma ameaça por lá também. De volta para casa, o menino logo se cansou dos moluscos e os entregou para sua avó, que acabou por soltar os caramujos no jardim. Como essa espécie se reproduz com muita facilidade, não é difícil imaginar a dimensão da situação que o menino inocentemente criou.

No Brasil

Presente em diversas partes do planeta, especialmente na África, O caramujo africano invasor Achatina fulica foi introduzido no Brasil a partir de Estados do Sul e Sudeste em pelo menos três ocasiões. Atualmente sua distribuição já abrange 24 dos 26 estados e o Distrito Federal. Populações densas dessa espécie vêm causando incômodos à populações humanas, danos à jardins e pequenas plantações, além de atuarem como transmissoras de duas zoonoses (angiostrongilíase abdominal e meningoencefalite eosinofílica) e outras parasitoses de interesse veterinário.

Campeões de reprodução

Além de serem hermafroditos, os moluscos africanos são, digamos bons amantes. Assim fica fácil entender como a espécie conseguiu se espalhar pelo mundo inteiro. O biólogo explica que esses animais possuem os dois sexos e se adaptam de acordo com a situação. Em alguns casos, eles conseguem até mesmo cruzar reciprocamente.

Uma nova infestação

A má notícia é que em 2011 ocorreu uma nova infestação na Flórida. Desta vez, não foi nenhuma criança adorável quem carregou os animais de volta para o território americano, mas sim praticantes de religiões ligadas ao vodu. Dá pra acreditar?

Cowie explica que o muco do animal é utilizado em alguns rituais e ele suspeita que os praticantes tenham soltado os caramujos na região de Miami para que eles pudessem se reproduzir livremente. Embora o animal seja usado em rituais de cura, existem relatos de que as pessoas que ingerem o muco do molusco passam violentamente mal.

Independente de quem seja a culpa, a nova infestação preocupa as autoridades competentes. Para termos uma ideia da dimensão do problema, estima-se que os agricultores tenham recolhido 137 mil caramujos nos últimos dois anos. Em termos de comparação, apenas 17 mil animais tinham sido coletados na década de 1960.

Uma vez fertilizado, o caramujo enterra centenas de ovos a alguns centímetros da superfície do solo. Por causa do tamanho impressionante da espécie – que pode chegar a medir 30 centímetros e pesar quase meio quilo –, os pequenos moluscos nascem maiores do que as espécies nativas, o que representa uma vantagem contra os predadores.

Porém, enquanto o animal se multiplica rapidamente, o seu combate é muito mais demorado. A Flórida precisou de sete anos para erradicar os caramujos e em alguns países simplesmente não é possível controlar o número de animais.

O impacto ambiental


Hoje, os moradores de Miami são obrigados a conviver com essas criaturas que causam uma série de transtornos. Além de se alimentarem de 500 tipos de plantas economicamente relevantes na região, os moluscos gigantes estão começando a devorar as casas, preferencialmente aquelas cujo acabamento contém cálcio, que é a substância que eles mais precisam para manter seu crescimento e fortalecer suas conchas. Ou você pensou que era fácil manter o corpinho em dia quando se é um caramujo gigante :) ?





Foto: © D. Robinson, USDA-APHIS-PPQ

Se isso já não fosse o bastante, esses animais também estão atrapalhando a vida dos motoristas, que precisam ter cuidado redobrado ao dirigir por áreas infestadas. Por causa de suas conchas grandes, fortes e pontiagudas, elas acabam furando os pneus dos veículos que passam por cima delas. Todos esses problemas estão fazendo com que o estado da Flórida desembolse milhões de dólares na tentativa de combater os animais.

Talvez você tenha imaginado que incluir esses animais na alimentação seria uma boa saída para diminuir o número de exemplares soltos na cidade. De fato, os caramujos-gigantes-africanos podem ser consumidos, mas eles precisam ser extremamente bem cozidos para eliminar o risco de doenças, já que essa espécie é hospedeira natural do parasita que causa meningite. Ainda existem casos de pessoas que ingerem o animal inadvertidamente, afinal, eles estão presentes em muitas plantas que também fazem parte da nossa alimentação.

Agora, o que realmente não deve ser feito é jogar sal em cima do molusco. A osmose faz com que o animal desidrate e morra de maneira cruel. Os moradores que encontrarem caramujos são orientados a utilizar venenos específicos ou reportar às autoridades competentes.